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Marcação a Mercado: Entenda o Conceito, os Impactos e como se Proteger da Volatilidade

Você já conferiu o extrato dos seus investimentos em renda fixa e se assustou com uma rentabilidade negativa? Já notou oscilações no valor das cotas de um fundo de renda fixa ou multimercado, mesmo quando o cenário econômico parecia estável? Isso acontece devido a um conceito chamado marcação a mercado. Embora pouco compreendido, ele tem impacto direto na sua carteira. Neste artigo, vamos explicar o que é marcação a mercado, como ela afeta diferentes investimentos e quais estrategias você pode adotar para lidar com a volatilidade que ela provoca.

O que é Marcação a Mercado?

A marcação a mercado, ou mark-to-market (MTM), e um processo de reavaliação diária dos ativos com base no preço que eles teriam se fossem vendidos hoje. Diferente da marcação na curva que segue a taxa contratada no momento da aplicação, a marcação a mercado considera fatores como taxa de juros atual, risco percebido, expectativas econômicas e oferta e demanda no mercado secundário. Esse processo é obrigatório para fundos de investimento e influência diretamente a rentabilidade observada em extratos e plataformas.

Marcação a Mercado x Marcação na Curva

Enquanto a marcação na curva considera somente a taxa acordada no momento da aplicação e projeta o crescimento do ativo de forma previsível até o vencimento, a marcação a mercado mostra o valor real do ativo no dia a dia. Se você quiser vender um título prefixado antes do vencimento, por exemplo, o preço será definido pela taxa atual de mercado. Assim, a marcação a mercado traz mais transparência, mas também mais volatilidade nos extratos.

Impacto nos Títulos de Renda Fixa

A marcação a mercado afeta todos os tipos de títulos, mas o impacto varia conforme a modalidade:
Prefixados: sofrem mais com a marcação a mercado. Se a taxa de juros sobe após a compra, o valor de mercado do titulo cai. Se a taxa cai, o valor sobe.

Pós-fixados: como Tesouro Selic e CDBs atrelados ao CDI, são menos sensíveis a marcação, pois suas taxas acompanham o mercado. No entanto, podem oscilar se houver mudanças no risco do emissor ou nos spreads.

Indexados a inflação: combinam parte prefixada (taxa real) e parte pós-fixada (IPCA). Mudanças nas expectativas de inflação ou nas taxas reais podem gerar oscilações significativas.

Como a Marcação a Mercado Afeta os Fundos

Nos fundos de investimento, a marcação a mercado e usada para atualizar diariamente o valor dos ativos da carteira. Isso afeta diretamente o valor da cota do fundo, que pode subir ou cair de acordo com as condições do mercado.
Fundos de renda fixa com títulos de longo prazo e prefixados tendem a apresentar mais oscilação.
Fundos multimercado e de ações são naturalmente mais voláteis, e a marcação amplifica essa variação.
O momento do resgate também importa: sacar recursos durante uma queda pode significar realizar prejuízo mesmo em ativos seguros.
Exemplos Práticos:

    1. Você investe R$ 10.000 em um Tesouro Prefixado com taxa de 10% ao ano. Meses depois, a taxa Selic sobe, e novos títulos são ofertados a 12%. O seu título perde valor de mercado. Se for vendido nesse momento, haverá prejuízo. Mas, se levado até o vencimento, você recebera os 10% contratados.

    1. Um fundo de renda fixa com papéis longos cai 2% após alta nos juros. Resgatar nesse momento significa realizar prejuízo. Esperar permite recuperação e até lucros maiores com novas aplicações do fundo.

    1. Um Tesouro IPCA+ contratado a 5% de taxa real cai de valor quando o mercado passa a exigir 6%. O investidor só perde se resgatar antes da hora. Com paciência, pode até ganhar mais com a recuperação do papel.

Estrategias para Lidar com a Volatilidade

    • Alinhe prazo e objetivo: se você pretende manter o título até o vencimento, a marcação a mercado é irrelevante.

    • Evite resgates no curto prazo em momentos de alta volatilidade.

    • Diversifique entre prefixados, pós-fixados e indexados a inflação. Isso reduz o impacto das oscilações.

    • Mantenha uma reserva de liquidez em ativos menos voláteis, como Tesouro Selic e CDBs de liquidez diária.

    • Use a técnica de escada de vencimentos (ladder), distribuindo seus investimentos entre vários prazos.

    • Acompanhe o cenário macroeconômico: decisões do Banco Central, expectativas de inflação e eventos políticos podem antecipar movimentos no mercado.

Verdades e Mentiras sobre Marcação a Mercado

Verdade: A marcação a mercado pode causar variações negativas em investimentos conservadores.
Mesmo títulos públicos e fundos de renda fixa podem apresentar rentabilidade negativa no curto prazo devido à oscilação de preços marcada diariamente.
Mentira: Se um investimento caiu, significa que você perdeu dinheiro.
Isso só e verdade se você resgatar no momento da baixa. Se mantiver o investimento até o vencimento, a
rentabilidade contratada será mantida.
Verdade: A marcação a mercado aumenta a transparência do mercado financeiro.
Ela mostra o valor real dos ativos, o que evita distorções e manipulações de rentabilidade.
Mentira: Fundos de renda fixa sempre rendem positivo.
Fundos que investem em papéis longos e prefixados podem, sim, ter cotas negativas em determinados períodos.
Verdade: A marcação a mercado pode criar oportunidades de lucro.

Minha opinião

A marcação a mercado pode parecer um vilão a primeira vista, especialmente quando você vê rentabilidades negativas em investimentos tidos como conservadores. Mas, na verdade, ela e uma aliada da transparência no sistema financeiro. Ao compreender seu funcionamento e ajustar sua estratégia, você transforma a marcação a mercado em uma vantagem. Com planejamento, diversificação e visão de longo prazo, e possível evitar prejuízos e até aproveitar oportunidades geradas pelas oscilações de curto prazo.
Além disso, ao monitorar a marcação a mercado, o investidor passa a entender o funcionamento mais profundo do mercado financeiro, identificando momentos de compra vantajosos e adotando uma postura mais estratégica. Assim, a volatilidade deixa de ser inimiga e passa a ser uma aliada na construção de uma carteira solida e inteligente.

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O que é a taxa Selic?

Tanto se fala em taxa Selic, banco Central, mas você sabe realmente o que é a taxa Selic?
De forma mais simples, a taxa Selic é a taxa básica de juros da economia. Essa taxa aparece toda hora nos jornais, nos seus investimentos e tem um papel importante na nossa economia por ser um dos principais instrumentos de política monetária usados pelo Banco Central para controle da inflação. 

A grosso modo, seria a menor taxa de juros a ser paga por um empréstimo, o que, na verdade, não acontece assim, uma vez que as taxas de empréstimos são muito mais altas. 

Como a taxa Selic pode me afetar?

Essa taxa influencia todas as outras taxas tanto de empréstimos, financiamentos e rendimentos de aplicações, sendo importante na sua vida sim. 

Quanto maior a Selic, maior será a taxa cobrada por instituições financeiras para lhe emprestar dinheiro. Para os empresários, o dinheiro para movimentar as empresas também fica mais caro, uma vez que as empresas precisam fazer adiantamentos dos recebíveis (cartão de crédito parcelado, por exemplo). 

Selic como instrumento de política monetária. 

A taxa Selic é utilizada pelo Banco Central como instrumento de controle da inflação, sabe como?

Ao aumentar a Selic, os investimentos de renda fixa ficam mais atrativos, os financiamentos mais caros fazendo o consumo de produtos e serviços diminuir. A economia desacelera reduzindo a inflação. 

Ao diminuir a Selic, há um estímulo na economia do país. Os financiamentos e empréstimos ficam mais baixos, o dinheiro volta a circular no mercado aumentando o consumo de produtos. Esse aumento pode causar aumento da inflação. 

O grande desafio é encontrar o equilíbrio entre uma taxa Selic que estimule a economia, o crescimento do país e ainda consiga controlar a inflação. 

Meus investimentos e a Selic.

A Selic tem forte influência na taxa de remuneração de seus investimentos, principalmente:

  • Títulos do Tesouro Direto (Tesouro Selic);
  • Caderneta de poupança;
  • Investimentos de renda fixa. 

O Tesouro Selic é um título público cuja rentabilidade está ligada a taxa Selic. Se a taxa Selic é reduzida, a rentabilidade fica menor, o contrário também é verdadeiro, se a taxa aumenta, a rentabilidade também sobe. O aumento torna o título mais vantajoso. 

Caderneta de poupança também tem seu rendimento atrelado a taxa Selic. Quando a Selic estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic + Taxa Referencial. 

Estando acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês + Taxa Referencial. 

Já os investimentos mais comuns de renda fixa – CDB, LCI, LCA, LC – usam o CDI como índice de rentabilidade e terão suas remunerações afetadas no caso de mudanças na Taxa Selic. 

Então, para os investidores de renda fixa, uma taxa Selic mais elevada seria mais vantajosa e elevariam seus ganhos, pelo menos em tese. 

Entenda o que é CDI.

O que é CDI?

É mais uma das mais faladas no mercado financeiro. Significa Certificado de Depósito Interbancário. Mas se é interbancário, como isso afeta mais investimentos e como essa taxa serve para indexar minhas aplicações?

O Certificado de Depósito Interbancário – CDI – não é oferecido aos investidores comuns, é um empréstimo somente entre bancos. Bancos emprestam recursos entre si de um dia para o outro. Isso acontece porque o Banco Central determina que os bancos devem encerrar o dia com saldo positivo em caixa. Quando uma instituição registra maior resgate do que depósito em determinado dia, ela toma emprestado de outra instituição emitindo um CDI. 

O CDI tem juros e são os juros que tem a ver com seus investimentos. A B3 registra e calcula a taxa média praticada. Essa taxa é divulgada diariamente. Conhecida como taxa DI (comumente chamada de “taxa do CDI”).  

Como a taxa DI remunera meus investimentos?

Como a taxa DI reflete os juros médios das operações entre bancos, acabou se tornando referência para o mercado. A taxa DI possibilita rentabilizar os investimentos de renda fixa em geral. Ela anda de mãos dadas com a Selic. 

É dessa forma que o CDI (ou taxa DI) está vinculada com sua carteira de investimentos. As aplicações de renda fixa, normalmente, oferecem um percentual do CDI. Você encontra investimentos que pagam 80, 85, 100, 150 e até 200% do CDI. 

Também usamos a taxa DI para saber se um fundo de renda fixa está rendendo bem ou mal em um determinado período. 

Quando temos um investimento que rende 100% do CDI, significa assegurar ao investidor um retorno equivalente à taxa média dos empréstimos realizados entre os bancos. 

Os investimentos que remuneram nesse formato são chamados de pós-fixados, uma vez que os investidores não têm certeza sobre o retorno efetivo. Ele dependerá das variações da taxa DI durante o período da aplicação.